Conheça o setor holdings

Confira os detalhes do setor holdings

Escrito por:

Marjoel Moreira

Inicialmente, holdings são empresas que possuem a finalidade de deter participações acionárias, assim como, em muitos casos, administrar outras empresas. Em geral, tais companhias são utilizadas como estruturas patrimoniais, nas quais a holding é dona de ações de outras companhias, sejam elas do mesmo setor ou de setores diferentes.

No universo de holdings, é necessário entender que muitas delas objetivam possuir o controle das empresas nas quais possuem posição acionária, ou seja, almejam ser o acionista majoritário ou um acionista de alta relevância no controle das empresas nas quais detém a posse de ações.

Além disso, como previamente mencionado, holdings podem possuir participação em empresas de diversos setores, de modo em que podem diversificar suas posições. Adicionalmente, holdings podem deter a posse de outros ativos como, por exemplo, ativos imobiliários, títulos, valores mobiliários tanto para participação quanto para hedge (proteção patrimonial), entre outros propósitos.

Vale destacar que, tecnicamente, as holdings podem ser classificadas entre:

  • Holdings puras: essas detêm participação em empresas, entretanto não atuam na atividade corporativa de maneira direta;
  • Holdings mistas: neste caso, a holding tanto detém participações acionárias quando possui certo nível de atuação nas atividades empresariais de modo direto.

Em linhas gerais, holdings são constituídas em prol de otimizar a administração das empresas controladas, assim como visam a otimização de custos, a otimização tributária, a otimização na gestão das empresas controladas, entre outros motivos para sua consolidação.

No ambiente de bolsa de valores brasileira, a B3, existem algumas holdings, de diversos setores, com seu capital aberto em Bolsa. Entretanto, é interessante destacar que holdings não necessariamente têm a obrigação de possuírem ações listadas no mercado de capitais. Existem casos, cada vez mais recorrentes, em que são constituídas Holdings familiares, em geral, por razões de sucessão patrimonial de famílias que possuem alto patrimônio.

Adicionalmente, em alguns casos, holdings são constituídas para consolidar o controle de empresas de um conglomerado. Posteriormente, os dividendos e Juros Sobre o Capital Próprio são distribuídos aos acionistas de forma consolidada.

Holdings na bolsa de valores

Na bolsa de valores brasileira, a B3, existem holdings atuantes em diversos setores, a partir dos propósitos de otimização de gestão, administração, tributação, entre outros previamente mencionados.

Uma das holdings mais conhecidas da B3 é a Itaúsa (ações ITSA4 e ITSA3). Essa holding possui uma participação acionária relevante no Itaú Unibanco (ações ITUB4 e ITUB3), de modo que possui grande peso sobre o controle do maior banco brasileiro. Entretanto, a Itaúsa possui participações societárias em outras empresas como, por exemplo, nas seguintes:

Dessa forma, a Itaúsa possui uma diversificação em seus investimentos, apesar de sua concentração de lucros sobre o Banco Itaú. Logo, nota-se que, como anteriormente mencionado, uma holding pode deter o controle de empresas inseridas em diversos setores da economia.

Outros exemplos de holdings na bolsa de valores

Além da Itaúsa, uma das principais holdings existentes no Brasil, existem outras diversas holdings listadas no mercado de valores mobiliários brasileiro.

A Bradespar (ações BRAP3 e BRAP4), por exemplo, trata-se de uma holding que administra participações societárias em empresas não-financeiras que compõem parte da carteira de investimentos em valores mobiliários do banco Bradesco (BBDC4, BBDC3). Recentemente, a empresa tornou-se altamente concentrada em sua exposição à Vale do Rio Doce (VALE3), como sua única posição até o momento.

Ainda inserida no meio financeiro, pode-se mencionar a Alfa Holdings (ações RPAD3, RPAD5, RPAD6). Essa companhia compõe parte do conglomerado financeiro Alfa.

Neste momento, ao voltar a atenção ao setor logístico brasileiro, uma holding de relevância neste setor é a Simpar (ações SIMH3). A Simpar é controladora de empresas inseridas no setor logístico nacional, em variados segmentos do setor em questão. Tem-se como exemplo de empresas controladas pela holding Simpar, a Movida (ações MOVI3), a JSL (ações JSLG3), entre outras empresas atuantes no setor de logística, em seus diversos segmentos e etapas.

Sequencialmente, em um dos setores mais populares da bolsa brasileira, o setor elétrico, tem-se como exemplo de holding a Equatorial Energia (ações EQTL3). A Equatorial Energia atua, principalmente, no setor de energia elétrica. Ao aprofundar a análise de suas atividades, nota-se que o resultado da EQTL3, advindo das empresas que controla, são provenientes majoritariamente da distribuição de energia elétrica. Apesar disso, a companhia atua também nos ramos de transmissão e geração de energia, abrangendo, em diferentes níveis, às três etapas básicas do setor elétrico. Como curiosidade, as empresas controladas pela Equatorial Energia não possuem capital aberto na bolsa de valores, com exceção da Equatorial Pará.

A partir dos exemplos mencionados, é possível perceber a diversidade que pode estar envolvida no portfólio de uma holding, especialmente em holdings de grande porte e de capital aberto. Nos exemplos contemplados, houve tanto casos de holdings diversificadas em setores da economia e em posições acionárias quanto casos de holdings com maior concentração em um setor ou posição específica.

Riscos de investimento em holdings

Inicialmente, ao abordar riscos de investir em holdings, é interessante analisar a questão dos dividendos distribuídos pelas holdings listadas em bolsa. Como previamente mencionado, muitas vezes holdings são constituídas em prol de consolidar o controle acionário de empresas e repassar os proventos recebidos de forma consolidada ao acionista. Entretanto, não há garantias de que a holding distribuirá, integralmente, todos os dividendos e JSCP recebidos, desde que mediante às regras previstas no estatuto da empresa. Sendo assim, é possível haver casos em que uma holding pode optar por reter proventos no caixa da empresa com o objetivo de realizar novos investimentos ou de amortizar eventuais dívidas contraídas para adquirir ativos.

Além disso, tem-se um significativo risco ao investidor que deseja se expor em uma empresa especificamente, entretanto tal empresa compõe o patrimônio de uma holding e gera-se o dilema entre investir diretamente na companhia controlada pela holding e investir na holding propriamente dita. Neste caso, o investidor deve atentar-se ao fato de que a holding possui sua própria administração e, dessa forma, o investidor está exposto ao risco de más decisões tanto da administração da empresa controlada quanto da administração da holding. Logo, aos investidores que objetivam expor-se a uma empresa exclusivamente, cabe analisar a administração da mesma e da holding que a controla.

Adicionalmente, as holdings podem aumentar ou reduzir riscos em relação ao investimento diretamente nas empresas controladas por ela. Isso ocorre, pois, além de controlar as empresas em seu portfólio, holdings podem realizar investimentos em outros valores mobiliários e, possivelmente, tais aportes podem não estar alinhados ao perfil de risco de todos os investidores. Consequentemente, é necessário observar tanto o atual portfólio da holding na qual deseja-se investir quanto sinalizações de mudanças e novos investimentos no futuro por parte da holding em questão.

Por fim, um risco não relacionado ao mercado de capitais propriamente dito, mas relacionado à administração da holding, trata-se da remuneração de seus executivos. Remunerações excessivas podem, em determinadas situações, prejudicar o retorno ao acionista, mesmo que a holding esteja exposta a bons ativos. Felizmente, dados sobre a remuneração dos executivos das holdings listadas em bolsa de valores são, publicamente, expostos. Logo, torna-se interessante que o investidor os verifique previamente a aportes em holdings.