Escrito por:

Marcilio Lima

O AGRI11 é um fundo de índices, conhecidos como ETFs (Enchange Traded Funds) que serve como um canal de exposição ao setor agrícola brasileiro. O fundo é exposto aos diversos subsetores do setor agrícola e possui, em sua carteira, empresas envolvidas diretamente e indiretamente com o agronegócio.

O setor agrícola, no ano de 2021, renovou máximas de sua participação no PIB brasileiro. Em 2021, sua produção correspondeu a aproximadamente 27% de todo o PIB nacional.

Isso mostra que o setor agrícola é um dos principais setores da economia brasileira em termos de relevância. Afinal, a produção agrícola brasileira é tanto capaz de suprir nossa demanda interna quanto de suprir demandas por exportação. Consequentemente, além de essencial, o agronegócio brasileiro é bastante lucrativo.

Dessa forma, o agronegócio brasileiro, em linha com a tendência de democratização do mercado de capitais, passa a ser demandado como meio de investimento.

Com base nisso, a B3 criou e implementou o índice de referência do AGRI11, chamado de Índice Agro Free Float Setorial e conhecido como IAGRO da B3. Esse é o primeiro índice de referência da com base no setor agrícola, assim como o AGRI11 é o primeiro ETF do setor a ser listado na B3.

O IAGRO é composto por pouco mais de 30 empresas, consequentemente presentes na carteira do AGRI11.

Visto que os ETFs devem, conforme regulamentações, seguir um índice de referência, a criação do IAGRO propiciou tanto a criação do AGRI11 quanto propiciará a criação de novas opções de investimento, ligadas ao agronegócio, por meio do ambiente da B3.

Operacionalmente, o AGRI11 adota a estratégia de gestão passiva, que se resume a replicar um índice de referência, nesse caso o IAGRO. Estratégias mais avançadas, para tentar superar a valorização do índice, são dispensadas.

Isso torna a gestão do fundo mais simples e barata, o que gera o benefício, ao investidor, da cobrança de menores taxas de administração.

Com base em sua estratégia de gestão passiva, o AGRI11 entrega uma diversificação significativa, em um dos setores de maior relevância na economia do Brasil, alinhada com grande praticidade e baixos custos. Afinal, ao adquirir apenas 1 cota de AGRI11, o investidor estará diversificado em algumas dezenas de empresas do agronegócio brasileiro.

A gestão do AGRI11 fica a cargo da BB DTVM (Banco Do Brasil), atualmente a maior gestora de fundos do Brasil. O fundo é constituído sobre a forma de condomínio fechado, o que significa que suas cotas são compradas e vendidas pelo ambiente da B3, através de um homebroker de qualquer corretora.

Atualmente, o fundo não possui concorrentes listados na B3. O mais próximo de fundos listados em bolsa, atuantes em agro, são os FIIs Agro, ou seja, os fundos imobiliários de arrendamento e crédito agrícola.

A estratégia do AGRI11

O AGRI11 é o primeiro ETF focado no setor agrícola brasileiro. O fundo atua com o objetivo de se consolidar como uma alternativa de investimento no setor do agronegócio brasileiro, de forma diversificada e prática ao investidor. Para isso, o fundo replica a carteira e, consequentemente, o desempenho do IAGRO, o primeiro índice de referência baseado no agronegócio da B3.

O AGRI11 adota a estratégia de gestão passiva para cumprir com seu objetivo. Essa estratégia se resume a replicar a performance do IAGRO, sem estratégias mais avançadas para tentar superar seu desempenho.

Dessa forma, a gestão do fundo se torna mais simples e barata. Isso se converte, como benefício ao investidor, em menores taxas de administração. Logo, o fundo alinha uma diversificação em um setor altamente relevante para a economia brasileira a uma estratégia de baixo custo.

Por meio de sua estratégia e da replicação do IAGRO, o AGRI11 possui diversificação em empresas de todos os subsetores do setor agrícola. São eles os seguintes:

  • Primário: agricultura e pecuária;
  • Secundário: produtores de insumos, indústrias agrícolas;
  • Terciário: logística, distribuição, comercialização de produtos;

Logo, o AGRI11 reúne tanto uma diversificação em número de empresas quanto diversificação dentro do próprio setor agrícola. Dessa forma, além de mitigar riscos, o fundo encontra-se exposto a empresas atuantes no agronegócio de diferentes maneiras, tanto diretas quanto indiretas.

Além disso, como parte da estratégia do fundo, o AGRI11 se consolida como uma opção acessível para investimento no agronegócio. Afinal, ao adquirir somente uma cota de AGRI11, o investidor estará exposto em pouco mais de 30 empresas com atuação no agronegócio.

Quais ativos compõem a carteira do AGRI11?

O AGRI11 replica a carteira e, consequentemente, o desempenho do Índice Agro Free Float Setorial, conhecido pela sigla IAGRO. Esse é o primeiro índice de referência voltado ao agronegócio criado pela B3, isso propicia a criação de ETFs do setor.

O fundo utiliza parte majoritária dos seus recursos para investir nas ações que compõem o IAGRO, com uma sobra minoritária para investimentos em caixa e em demais instrumentos financeiros.

A composição do índice é revisada a cada 4 meses, momentos nos quais pode ocorrer a entrada ou a saída de empresas do índice e, consequentemente da carteira do AGRI11.

É possível conferir a composição do IAGRO pelo portal da B3.

As 5 empresas com maior peso no índice são: Suzano (SUZB3), JBS (JBSS3), Klabin (KLBN11), Ambev (ABEV3) e Cosan (CSAN3).

Vantagens do AGRI11

Primeiramente, o AGRI11 apresenta sua diversificação como sua principal vantagem, assim como as consequências geradas pela mesma. Inicialmente, o AGRI11 é uma opção diversificada em mais de 30 empresas pertencentes a um dos setores mais relevantes para a economia brasileira.

Como consequência, a diversificação em número de empresas mitiga riscos do fundo e reduz sua dependência sobre qualquer ação individualmente, para apresentar uma boa performance. Assim como a exposição ao setor agrícola consolida o fundo como um instrumento exposto a um setor rentável e dominante no Brasil.

Além disso, a diversificação do AGRI11 carrega consigo a vantagem de praticidade do fundo. Afinal, ao comprar apenas 1 cota de AGRI11, o investidor estará diversificado em mais de 30 empresas de um setor com grande potencial em nossa economia.

Ambas essas vantagens são altamente acessíveis ao investidor, visto que suas cotas negociam na vizinhança de R$50 no ambiente de negociação da B3.

Portanto, todas essas vantagens combinadas beneficiam aos investidores iniciantes, que dispõem de menores recursos para iniciar seus investimentos e menor conhecimento de mercado.

Assim como os investidores que desejam gastar menos tempo com estudos e acompanhamento da carteira são altamente beneficiados. Afinal, a estrutura diversificada requer menor acompanhamento, por conter menores riscos, porém ainda assim entrega um potencial interessante.

Por fim, a estratégia de gestão passiva do AGRI11 gera destaque em relação às taxas de administração. Com a gestão mais barata, o fundo é capaz de praticar taxas de administração menores que as praticadas por demais tipos de fundos existentes no mercado.

Desvantagens do AGRI11

Inicialmente, a principal desvantagem do AGRI11 se resume à composição do IAGRO. Em primeiro lugar, visto que o AGRI11 tem de seguir a carteira teórica do índice, dentro de certos limites, a personalização da carteira do fundo se torna limitada, tem-se uma limitação em remover da carteira do fundo ações que historicamente performam abaixo da média.

Além disso, existem empresas presentes no AGRI11 que possuem uma exposição no setor agrícola, porém esse não é o foco de suas atividades. Um exemplo desse tipo de empresa no fundo é a Arezzo (B3: ARZZ3), que está presente na carteira do fundo por uma tecnicalidade, porém não possui foco de suas atividades no agronegócio.

O AGRI11 apresenta também desvantagens tributárias. Primeiramente, o fundo não conta com a isenção de imposto de renda (IR) para vendas de cotas, com lucro, limitadas a R$20 mil por mês, como ocorre no caso de venda de ações.

Além disso, o investidor paga IR sobre os dividendos recebidos. Isso ocorre devido ao fato que de ETFs não podem distribuir dividendos, portanto eles são reinvestidos nas empresas que compõem o fundo.

Como a venda de cotas com lucro possui a cobrança de IR, ao vender cotas com lucro o investidor pagará IR parcialmente nos dividendos reinvestidos. Já nas ações, os dividendos são completamente isentos de IR até o momento.

Atualmente, o AGRI11 conta também com a desvantagem de possui baixa liquidez no ambiente de negociação da B3. Isso basicamente significa que, até o momento, ocorrem poucas negociações de AGRI11 por dia na B3.

A consequência da falta de liquidez é, principalmente, certa dificuldade em comprar e vender cotas, assim como em possuir uma precificação mais assertiva do ativo, com mais agentes o negociando.

Quais são os riscos do AGRI11?

O AGRI11 é um fundo praticamente 100% investido em ações, visto que o fundo deve utilizar 95% de seus recursos para replicar a carteira de seu índice de referência, o IAGRO. Portanto, seus principais riscos são os riscos envolvidos no investimento em ações. O principal risco é o risco de mercado.

O risco de mercado basicamente significa a possibilidade de que os preços das ações, presentes na carteira do fundo, apresentem variações negativas, causadas pelo cenário do mercado. Com a queda das ações presentes no fundo, o valor de sua conta tende a ser negativamente impactado.

Além disso, temos presente no AGRI11 o risco de liquidez, relacionado ao ETF diretamente. Basicamente, o risco de liquidez se resume a falta de liquidez para a compra e venda de cotas do fundo.

Dessa forma, se torna mais difícil negociar cotas de AGRI11 a um preço considerado justo. Assim como, em determinadas situações, a negociação pode ficar inviável.

O risco de liquidez ocorre somente em virtude do baixo volume de negociações de AGRI11 até o momento. Com a evolução do ETF, esse cenário tende a se reverter ao longo do tempo.

O AGRI11 possui a garantia do FGC?

Não! Tanto o AGRI11 quanto todos os ETFs listados na B3 não possuem a garantia do Fundo Garantidor de Crédito, conhecido como FGC. Não existem garantias tanto de proteção do valor inicial investido quanto de rentabilidade mínima garantida.

Além disso, tanto o administrador quanto o gestor do fundo não fornecem garantias do valor investido no fundo ou de rentabilidade mínima.

Assim como ambos não são, legalmente, por volatilidade no preço da cota do fundo, causadas por razões naturais de mercado.

Resumidamente, o AGRI11 é um fundo de renda variável.

Logo, a rentabilidade do investidor é exclusivamente dependente da valorização da cota de AGRI11 no ambiente de negociação da B3, sem qualquer garantia e proteção contra perdas caso a valorização não se concretize.

Taxas do AGRI11

No investimento em AGRI11, o único custo presente, por parte do fundo, é a taxa de administração de sua estrutura, de 0,35% ao ano sobre o patrimônio sobre gestão.

Demais taxas (performance, gestão, carregamento, entrada, saída...) não são presentes em AGRI11. O único possível custo adicional é a corretagem cobrada pela corretora. Porém a maioria das corretoras já não cobra mais essa taxa.

Frente aos demais tipos de fundos, o AGRI11 se destaca com uma taxa de administração menor ao investidor. Fundos multimercados ou fundos de ações normalmente cobram taxas significativamente mais elevadas, acrescidas de taxas de performance em certos casos.

Como comprar cotas do AGRI11?

O processo de compra das cotas de AGRI11 é bastante simples. Em um primeiro momento, é necessário recorrer a corretora de sua preferência, na qual se pode negociar ativos em bolsa. Em seguida, basta inserir o código de negociação AGRI11 e preencher os dados básicos da ordem: quantidade e preço.

Uma vez inserido o código de negociação, basta inserir a quantidade desejada e o preço pelo qual se deseja comprar tal quantidade de cotas. Feito isso, basta enviar a ordem para execução e, por fim, conferir se a ordem foi completamente executada.

Adicionalmente, uma boa forma de agilizar a execução integral de uma ordem é realizá-la a mercado. Para isso, basta selecionar a opção “ordem a mercado” e o sistema digital de sua corretora irá, automaticamente, realizar a compra de cotas conforme a melhor oferta disponível no instante em que a ordem for emitida.

Qual é o público-alvo do AGRI11?

O AGRI11 possui os investidores em geral como seu público-alvo. Logo, qualquer investidor pode adquirir cotas de AGRI11 por meio do ambiente de negociação da B3, sem a presença de restrições de qualquer tipo.

Detalhadamente, tanto investidores pessoa física (PF) quanto pessoa jurídica (PJ) podem adquirir cotas de AGRI11 no ambiente da B3, não existem restrições em termos do conhecimento técnico do investidor ou de seu patrimônio acumulado em bolsa.

Apesar disso, é sempre crucial entender os riscos do fundo e seus objetivos de rentabilidade.

O AGRI11 paga dividendos?

Não! Assim como todos os ETFs listados na B3, o AGRI11 não distribui dividendos aos seus cotistas. Isso ocorre devido a limitações técnicas e regulatórias que impedem que ETFs brasileiros distribuam dividendos.

Visto que algumas das empresas que compõem a carteira do fundo pagam dividendos, o valor recebido pelo fundo em dividendos é reinvestido internamente, na própria estrutura do AGRI11.

Dessa forma, o valor dos dividendos se torna incorporado ao valor da cota, ou seja, estará “dentro do valor da cota” do fundo. Logo, o reinvestimento de dividendos tende a valorizar a cota de AGRI11 a longo prazo.

Portanto, em AGRI11, assim como em demais ETFs, o investidor recebe os dividendos pagos pelas empresas presentes no fundo de forma indireta, por meio da valorização de suas cotas no longo prazo.

O AGRI11 possui imposto de renda?

Sim! Tanto o AGRI11 quanto todos os demais ETFs brasileiros possuem a cobrança de imposto de renda (IR). Em AGRI11, o IR é cobrado somente caso ocorra uma venda de cotas do fundo com lucro, assim como o IR incide somente sobre o lucro obtido, não sobre o valor total da venda.

Além disso, ao vender cotas com prejuízo não ocorre a cobrança de IR.

Assim como em AGRI11 não há cobrança de IOF ou de come-cotas, como ocorre em demais tipos de fundos.

Nas operações de Day Trade, quando a compra e a venda de cotas ocorrem no mesmo dia, com lucro, o IR é cobrado com base na alíquota de 20% sobre o lucro obtido com a operação.

Caso o investidor compre cotas de AGRI11 por R$10.000 e as venda por R$11.000, seu lucro foi de R$1.000. O IR por sua vez será de R$200,00.

Já nas operações de Swing Trade, nas quais a compra e a venda de cotas ocorrem em dias diferentes, com lucro, a alíquota de IR praticada é de 15% sobre o lucro auferido na movimentação.

Para Swing Trade, vale o mesmo exemplo anterior, porém com a alíquota de 15%. O IR seria de R$150.

Além disso, não ocorre a retenção do IR na fonte, como ocorre nos investimentos de renda fixa, por exemplo. A responsabilidade sobre o pagamento do imposto de renda é exclusivamente do investidor.

O próprio investidor deve, por conta própria ou por meio de serviços contáveis, calcular e pagar o IR devido via DARF, um “boleto de impostos”, até o último dia útil do mês seguinte à venda com lucro.

O AGRI11 possui isenção de IR para venda até R$20 mil por mês?

Não! O AGRI11, assim como os demais ETFs presentes na B3, não é contemplado pela isenção de imposto de renda (IR) no caso de vendas de cotas com lucro, porém limitadas a um total de R$20 mil por mês. Esse é um benefício fiscal válido somente para o caso de vendas de ações.

Portanto, toda venda de AGRI11 com lucro possui a cobrança de IR, conforme as condições mencionadas acima.

Quanto rende o AGRI11?

O rendimento do AGRI11 é atrelado à valorização do Índice Agro Free Float Setorial, o primeiro índice de referência da B3 focado no setor agrícola, conhecido como IAGRO. O fundo replica a composição e, consequentemente, o desempenho do IAGRO no ambiente da B3.

O rendimento do fundo também é impactado pelos dividendos pagos pelas ações que compõem o fundo. Isso acontece visto que os dividendos, por imposição regulatória, devem ser reinvestidos na própria estrutura do ETF. O reinvestimento contribui para a valorização das cotas de AGRI11 a longo prazo.

Surgirão mais ETFs voltados ao agronegócio na B3?

Dada a criação do índice IAGRO, voltado ao setor agrícola, a tendência de surgimento de novos ETFs focados no setor é bastante clara. Em geral, ETFs precisam, necessariamente, seguir um índice. Portanto, a criação de um índice é a base por meio da qual esse mercado tende a se desenvolver.

Novos ETFs voltados ao setor agrícola podem surgir tanto com base no IAGRO quanto em demais índices de referência a serem criados futuramente. Entretanto, a B3 foi pioneira em elaborar um índice voltado ao agronegócio, através da criação do IAGRO.

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