Magazine Luiza (MGLU3) admite erros contábeis e reapresenta balanços

Escrito por:

Beatriz Stanis

A Magazine Luiza (MGLU3) anunciou hoje as conclusões de sua investigação sobre uma denúncia anônima relacionada às práticas contábeis da empresa. A denúncia foi recebida em março, logo após a revelação de uma fraude na Americanas. A investigação foi conduzida sob a supervisão do Comitê de Auditoria e Compliance da empresa, em colaboração com o TozziniFreire Advogados e a PwC.

A conclusão da investigação revelou que ocorreram erros nos lançamentos contábeis de alguns contratos com fornecedores no período de janeiro de 2022 a junho de 2023. Valores relacionados a campanhas de vendas que deveriam ter sido registrados nos balanços somente após o término das campanhas foram contabilizados antecipadamente. Segundo o CFO Roberto Bellissimo, "Em alguns casos, a empresa reconhecia as receitas antes de cumprir o que havia sido acordado". No entanto, a investigação concluiu que a administração agiu de boa-fé e que não houve violação do código de ética da empresa.

Para corrigir esses lançamentos, a empresa precisou reapresentar os balanços referentes ao período de janeiro de 2022 a junho de 2023. Isso resultou em diferenças nos custos dos produtos vendidos e no EBITDA. Os custos foram realmente maiores em 2022 e menores neste ano, enquanto o EBITDA teve o oposto: os valores revisados foram menores em 2022 e maiores em 2023 devido ao reconhecimento antecipado das receitas.

O EBITDA de 2022 foi revisado para R$ 1,6 bilhão de reais, 18% inferior ao valor originalmente informado, representando uma diferença de R$ 342 milhões. O EBITDA até junho de 2023 foi ajustado para R$ 748 milhões, ficando R$ 140 milhões acima do valor anteriormente relatado.

Esse ajuste teve um impacto significativo no patrimônio líquido da empresa. No total, a empresa realizou um ajuste de R$ 830 milhões no patrimônio líquido ao final de junho, equivalente a 3% do patrimônio líquido da empresa. Esse valor surpreendeu alguns analistas e investidores.

A Magazine Luiza informou que adotou medidas para melhorar seus controles internos e evitar problemas semelhantes no futuro, incluindo a implementação de um sistema automatizado de gestão de verbas desse tipo. O objetivo é mitigar riscos, aprimorar a gestão e fortalecer a governança da empresa.

A empresa também destacou que reconheceu créditos fiscais de PIS/COFINS sobre bonificações recebidas de fornecedores em períodos anteriores a 2022, no valor de cerca de R$ 507 milhões, líquidos de impostos. Esses créditos foram incluídos no balanço do terceiro trimestre, resultando em um impacto total no patrimônio líquido de R$ 322 milhões.

Este episódio levanta questões sobre as práticas contábeis e o monitoramento rigoroso das empresas no mercado brasileiro, com investidores agora avaliando o impacto dessas revisões em métricas-chave da empresa.

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