Escrito por:

Beatriz Stanis

A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é um relatório elaborado para fins contábeis que demonstra a posição da empresa em determinado período, ou seja, se houve registro de lucro ou prejuízo em um tempo específico.

Sendo assim, a DRE traz a relação entre despesas e receitas e revela a situação financeira de uma entidade em um período que pode ser mensal, bimestral, trimestral, semestral ou anual.

Analisar a DRE é essencial para o sucesso financeiro de um investimento, pois revela onde estão os gastos mais significativos de uma empresa e quais são as justificativas para eles, bem como revela onde estão as receitas mais relevantes. 

Obrigatoriamente, a DRE deve informar:

  1. A receita bruta de vendas e serviços;
  2. A dedução em vendas, abatimentos e impostos;
  3. As despesas com vendas;
  4. As despesas gerais: financeiras, administrativas e operacionais;
  5. O lucro ou prejuízo operacional no período em análise;
  6. O resultado do exercício antes do recolhimento do Imposto de Renda;
  7. A provisão para o Imposto de Renda;
  8. O lucro ou prejuízo líquido do exercício, bem como montante por ação do Capital Social.


A DRE também deve detalhar as participações em debêntures, gastos com o corpo corporativo de funcionários, gastos com empregados, gastos com partes beneficiárias, movimentações financeiras que não se caracterizam como despesa (como fundos de assistência e previdência social de empregados).

Todas as empresas com capital aberto na Bolsa de Valores são obrigadas por lei a elaborar o documento e deixá-lo disponível para consulta de investidores, bancos, credores e demais pessoas interessadas. Geralmente, a elaboração acontece a cada seis meses, em um processo que assegura a transparência do mercado financeiro nacional.

As Sociedades Limitadas (LTDA) e demais empresas não são obrigadas a divulgar o documento, apesar de precisar enviar o relatório para entidades responsáveis pelo setor fiscal.

Vale ressaltar que o DRE não revela discriminadamente as entradas e saídas financeiras de uma empresa em determinado período, mas traz um resultado econômico generalizado. Os investidores de determinada companhia devem prestar atenção no DRE, pois o documento fornece dados como:

  • Composição dos custos relativos: separa os custos operacionais daqueles direcionados apenas para a venda de produtos e serviços;
  • Situação do Caixa: mostra como está a relação entre ativos e passivos em uma empresa;
  • Controle do Fluxo do Caixa: o DRE pode servir como termômetro que mostra se as despesas ou receitas estão elevadas, na média, ou em baixa;
  • Nível de Endividamento: mostra se a empresa tem condição de pagar dívidas contraídas;
  • Lucro e Margem operacional: revela o que está trazendo mais lucro para a empresa e permite identificar a lucratividade do negócio. 

É relevante apontar que uma DRE deve ser elaborada com organização e apresentar uma sequência lógica dos dados do relatório para que seus dados sejam corretamente interpretados. 

A sequência deve ser a seguinte:

  1. Receita Bruta (=): todo capital que foi adicionado ao caixa, seja em forma de dinheiro ou crédito e contabiliza, por exemplo, vendas, prestação de serviços e recebimento de juros, dividendos e royalties;
  2. Deduções (-): é o valor correspondente às retiradas financeiras da Receita Líquida, como descontos e abatimentos de impostos sobre vendas, como ICMS e ISS;
  3. Receita Líquida (=): é o resultado da Receita Bruta menos as deduções, ou seja, o valor real das operações;
  4. Custo de Produtos Vendidos (-): abrange as despesas que uma empresa possui para produzir um produto ou fornecer um produto;
  5. Lucro Bruto ou Resultado Bruto (=): é uma relação de diferença do que foi faturado e do que foi gasto na produção de algo ou execução de um serviço;
  6. Despesas com vendas (-): trata-se de alguns descontos que podem incidir sobre o pós-venda, como comissões;
  7. Despesas administrativas ou fixas (-): como o nome já sugere, é o gasto que é necessário para manter a empresa em funcionamento e abrange os custos operacionais, como energia e funcionários;
  8. Despesas financeiras (-): engloba os gastos com multas e juros, bem como variação cambial para algumas empresas;
  9. Resultados antes do IRPJ e CSLL (=): revela qual foi o faturamento antes do recolhimento de impostos governamentais;
  10. IRPJ e CSLL (-): dedução do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.
  11. Resultado Líquido (=): revela qual foi o resultado final do exercício de uma empresa em um determinado período.


Os investidores consultam esse relatório para fazer um exame cauteloso e minucioso para verificar se a empresa é lucrativa ou não, pois o DRE fornece alguns dados para a análise fundamentalista da empresa, tais como:

  • EBITDA: mede a realidade financeira de uma empresa de capital aberto ao revelar o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, para obter esse valor, basta dividir o Lucro Operacional Antes do Imposto e Receitas pela soma das Despesas Financeiras, Amortização e Depreciação;
  • Margem Operacional: mede a eficiência de uma companhia e para saber esse valor, basta dividir o Lucro Operacional pela Receita Líquida;
  • Retornos sobre a Venda (RSV): conhecido como margem de lucro, esse indicador revela o quanto a empresa gera de lucro com a venda de cada produto e para obter esse valor, é preciso dividir o Lucro Líquido pela Receita Total multiplicada por 100.
  • Margem de Lucro Liquidas: mede a margem real de lucro, pois considera as despesas e impostos subtraídos e, para obter esse valor, basta dividir o Lucro Líquido pela Receita Líquida.

Por fim, a análise fundamentalista é essencial para saber quantificar o desempenho financeiro de uma empresa e, consequentemente, identificar uma empresa rentável para investir. 

Por isso, o DRE é um documento importante não só para o cumprimento da legislação, mas para manter o mercado financeiro nacional transparente e atrativo para investidores em geral. 

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