Americanas (AMER3) revela fraude nas demonstrações financeiras realizada pela diretoria anterior

Escrito por:

Beatriz Stanis

A Americanas (AMER3) divulgou um comunicado nesta terça-feira, 13, informando que assessores jurídicos da administração apresentaram um relatório contendo "achados preliminares" sobre lançamentos contábeis. De acordo com a empresa, os documentos analisados indicam que as demonstrações financeiras foram "fraudadas pela diretoria anterior".

No comunicado enviado ao mercado, a varejista detalha que os documentos revelam os esforços da diretoria anterior para ocultar a real situação de resultado e patrimônio da companhia tanto do conselho de administração quanto do mercado em geral.

Segundo o relatório, foram identificados diversos contratos de verba de propaganda cooperada e instrumentos similares (VPC) que teriam sido artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais da empresa como redutores de custo, sem uma efetiva contratação com fornecedores. Esses lançamentos, que ocorreram durante um longo período, atingiram um saldo preliminar não auditado de R$ 21,7 bilhões em 30 de setembro de 2022. Os contrapontos contábeis desses contratos de VPC, criados ao longo do tempo sem lastro financeiro associado, resultaram em lançamentos redutores da conta de fornecedores, totalizando um saldo preliminar não auditado de R$ 17,7 bilhões na mesma data.

A diferença de R$ 4 bilhões foi contabilizada em outras contas do ativo da companhia. Além disso, a diretoria anterior contratou uma série de financiamentos sem as devidas aprovações societárias, que foram inadequadamente contabilizados no balanço patrimonial da empresa em 30 de setembro de 2022. Essas operações de financiamento incluíam financiamento de compras e financiamento de capital de giro, totalizando um saldo preliminar não auditado de R$ 18,4 bilhões e R$ 2,2 bilhões, respectivamente.

A Americanas ressalta que a contabilização indevida dessas operações de financiamento prejudicou a determinação correta do grau de endividamento da empresa ao longo do tempo. Além disso, foram identificados lançamentos redutores da conta de fornecedores decorrentes de juros sobre operações financeiras, que deveriam ter sido refletidos no resultado da companhia, totalizando um saldo preliminar não auditado de R$ 3,6 bilhões em 30 de setembro de 2022.

A empresa destaca que os ajustes contábeis derivados dessas irregularidades são preliminares, não auditados e sujeitos a alterações. Os ajustes contábeis finais serão refletidos nos demonstrativos financeiros históricos auditados, que serão reapresentados assim que os trabalhos forem concluídos. A administração da companhia espera que o impacto desses ajustes nos resultados seja significativo.

O relatório também aponta a participação do ex-CEO Miguel Gutierrez, dos ex-diretores Anna Christina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, e dos ex-executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes na fraude, conforme mencionado no comunicado da Americanas.

A empresa informa que Miguel Gutierrez se desligou da companhia em 31 de dezembro de 2022, enquanto José Timótheo de Barros foi afastado de suas funções executivas em 03 de fevereiro de 2023 e comunicou sua renúncia em 1º de maio de 2023.

Os demais colaboradores identificados até o momento, incluindo Anna Christina Ramos Saicali, Márcio Cruz Meirelles, Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes, foram afastados de suas funções executivas em 03 de fevereiro de 2023 e seus desligamentos já foram determinados pela administração da empresa.

O conselho de administração orientou a empresa e os assessores a apresentarem o relatório a todas as autoridades competentes e avaliarem medidas para buscar o ressarcimento dos danos causados pela fraude nas demonstrações financeiras da Americanas.

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