Banco Central mantém a taxa Selic em 10,50% devido a incertezas econômicas

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Redação

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, uma decisão tomada de forma unânime. Confira abaixo o comunicado completo do Copom.

O Banco Central decidiu interromper a série de cortes na taxa de juros devido à recente valorização do dólar e ao aumento das incertezas econômicas. A Selic foi reduzida em sete reuniões consecutivas, mas na última reunião, em maio, o ritmo dos cortes foi reduzido. De agosto do ano passado até março deste ano, o Copom diminuiu os juros básicos em 0,5 ponto percentual em cada encontro, e em maio, a redução foi de 0,25 ponto percentual.

Leia a seguir o comunicado integral do Copom: “O ambiente externo permanece adverso, com elevada e persistente incerteza sobre a flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e a velocidade com que a inflação será reduzida de forma sustentável em vários países. Os bancos centrais das principais economias continuam comprometidos em trazer as taxas de inflação para suas metas, num ambiente com pressões nos mercados de trabalho. O Comitê entende que o cenário exige cautela para os países emergentes.

No cenário doméstico, os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho continuam apresentando um dinamismo maior do que o esperado. A inflação ao consumidor tem mostrado uma trajetória de desinflação, enquanto as medidas de inflação subjacente ainda estão acima da meta nas divulgações mais recentes.

As expectativas de inflação para 2024 e 2025, coletadas pela pesquisa Focus, estão em torno de 4,0% e 3,8%, respectivamente.

As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* são de 4,0% em 2024 e 3,4% em 2025. Para os preços administrados, as projeções são de 4,4% em 2024 e 4,0% em 2025. Em um cenário alternativo, onde a taxa Selic é mantida constante, as projeções de inflação são de 4,0% para 2024 e 3,1% para 2025.

O Comitê destaca que, em seus cenários para a inflação, há fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta estão (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais e (ii) uma resiliência maior na inflação de serviços do que a projetada, devido a um hiato do produto mais apertado. Entre os riscos de baixa estão (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e (ii) os impactos mais fortes do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global. O Comitê avalia que a conjuntura doméstica e internacional continua incerta, exigindo maior cautela na condução da política monetária.

O Comitê monitora atentamente como os recentes desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. Reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para ancorar as expectativas de inflação e reduzir os prêmios de risco dos ativos financeiros, impactando assim a política monetária.

Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 10,50% a.a., entendendo que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para a meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2025. Além de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também busca suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego.

A conjuntura atual, caracterizada por um processo de desinflação mais lento, aumento das expectativas de inflação e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.

Por unanimidade, o Comitê optou por interromper o ciclo de queda de juros, destacando que o cenário global incerto e a resiliência da atividade econômica doméstica, com elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, exigem maior cautela. Reforça que a política monetária deve se manter contracionista pelo tempo necessário para consolidar o processo de desinflação e ancorar as expectativas em torno das metas. O Comitê continuará vigilante e reafirma que ajustes futuros na taxa de juros serão determinados pelo compromisso firme de convergência da inflação à meta.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

  • No cenário de referência, a trajetória da taxa de juros é extraída da pesquisa Focus, e a taxa de câmbio parte de R$5,30/US$, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). O preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente. Adota-se a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e 2025. O valor para o câmbio foi obtido arredondando a cotação média da taxa de câmbio observada nos dez dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à reunião do Copom.”

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